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Além da bola rosa: por que o recente debate “Deus existe” perdeu o foco | cinetotal.com.br

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Além da bola rosa: por que o recente debate “Deus existe” perdeu o foco
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Além da bola rosa: por que o recente debate “Deus existe” perdeu o foco

​Por – Ayush MaikhuriPressione enter ou clique para ver a imagem em tamanho realimagem gerada por ai​Recentemente, a popular plataforma The Lallantop, hospedada por Saurabh Dwivedi, organizou um debate de alta tensão sobre uma questão atemporal: “Deus existe?” A arena contou com dois pesos pesados: o célebre letrista e racionalista Javed Akhtar, e o eminente estudioso islâmico Mufti Shamail Nadwi. Na superfície, prometia um confronto de titãs – Ciência versus Fé, Lógica versus Crença. No entanto, uma análise mais profunda revela que embora o debate tenha sido teatral, pode ter sido filosoficamente “inferior”. Ao sintetizar os argumentos do debate e uma refutação crítica de Dharamdava, podemos descobrir por que esta conversa não conseguiu chegar a uma conclusão genuína. A Batalha de Superfície: A Bola Rosa e O Ônus da Prova O debate seguiu uma trajetória clássica de Apologética versus Novo Ateísmo. Reconhecendo que Akhtar rejeitaria o Alcorão ou Hadith, Nadwi ancorou seu argumento em Lógica e Razão (Akal). Seu pilar central era o Argumento da Contingência (frequentemente associado a Leibniz e Tomás de Aquino). Ele usou a analogia de uma “bola rosa” encontrada em uma ilha deserta. Presumimos automaticamente que alguém fez a bola e a colocou ali; não apenas “apareceu”. Nadwi argumentou que o universo é o mesmo – é “contingente” (dependente de outra coisa). Portanto, é necessário um “Ser Necessário” (Deus) que não tenha causa e seja eterno para colocar a corrente em movimento. A Refutação do Ateu: Javed Akhtar respondeu com as ferramentas do Racionalismo e do Empirismo. Ele argumentou que “fé” costuma ser sinônimo de suspensão da lógica. Seus pontos mais fortes foram fundamentados sociológica e biologicamente: Complexidade não implica Design: Ele argumentou que belas flores são frequentemente resultados de cruzamentos humanos, e a natureza é cheia de caos (animais matando animais), desmascarando a ideia de um designer benevolente “Justo”. O Ônus da Prova: Akhtar sustentou que ele não precisa provar que Deus não existe; o requerente (Nadwi) deve provar que sim. A regressão infinita: se o Universo precisa de um criador, quem criou o criador? Como apontado na crítica de Dharamdava, o debate sofreu com a falta de metodologia adequada.fonte: youtube​1. A Armadilha de “Iti” vs. “Sanśaya” (Certeza vs. Dúvida) De acordo com Nyaya Shastra (Lógica Indiana), o verdadeiro conhecimento começa com Sanśaya (ceticismo ou dúvida). No entanto, este debate começou com Iti (Finalidade).​Mufti Shamail chegou com a conclusão: “Deus existe.”​Javed Akhtar chegou com a conclusão: “Deus não existe.”​Quando ambos os participantes já estão convencidos de sua verdade, eles não estão debatendo para aprender; eles estão atuando. Não houve investigação genuína, apenas a defesa de posições entrincheiradas. O Dai versus o Vadi​A crítica distingue brilhantemente entre um Dai e um Vadi.​Um Dai (Pregador) convida outros para sua verdade específica. Eles usam a lógica apenas como uma ferramenta para confirmar sua crença pré-existente. Mufti Shamail agiu como um Dai, rejeitando a ciência e a observação quando não se adequavam à narrativa, mas usando a “lógica” quando apoiava o argumento do “Ser Necessário”. Um Vadi (Buscador) é um verdadeiro cético cuja lealdade é apenas à verdade, onde quer que ela leve. Akhtar, embora racional, carecia de treinamento filosófico para desmantelar formalmente o argumento do “Ser Necessário”. Seus argumentos baseavam-se fortemente na inteligência retórica e na consciência científica geral (referindo-se aos argumentos de Dawkins), em vez de na refutação metafísica. O Problema da Definição: “Deus” versus “Alá” Uma grande falácia lógica identificada foi a ambiguidade dos termos. “Deus” é um substantivo comum – um conceito filosófico. “Allah”, “Yahweh” ou “Vishnu” são nomes próprios – entidades específicas com atributos específicos descritos nas escrituras. Mufti Shamail defendeu um “Ser Necessário” filosófico (Deísmo), mas implicava a existência do Deus Islâmico (Teísmo). Ao recusar-se a usar as Escrituras, ele defendeu um Deus genérico, protegendo do escrutínio suas crenças teológicas específicas. Isto tornou impossível para Akhtar exigir provas específicas. O preconceito de Raga e Dvesha No Yoga Shastra, uma mente turva por Raga (apego) ou Dvesha (aversão) não pode perceber a verdade. O teísta tinha apego à ideia de um Criador. em última análise, girou na lama do preconceito de confirmação. A crítica sugere que os debates modernos poderiam aprender muito com os antigos sistemas filosóficos indianos. Escolas como Nyaya (Lógica), Vaisheshika (Física/Metafísica) e Samkhya (Causalidade) fornecem estruturas rigorosas onde as definições devem ser precisas e o debatedor deve estar livre de ego (Asmita) e preconceitos. Até que passemos de Dai (defensores de um lado) a Vadi (buscadores da verdade), a questão “Deus existe?” continuará a ser uma disputa de gritos em vez de uma jornada filosófica.


Publicado: 2025-12-23 08:51:00

fonte: medium.com